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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°60 - OUTUBRO DE 2001

Uso Racional

Uso Racional de produtos Florestais

Desde os primórdios da civilização, a madeira tem sido um material fundamental à existência do homem, constituindo-se em um dos principais componentes na habitação e nas construções em geral, no mobiliário, nas embalagens e em outros setores de uso. Como matéria-prima em processos industriais de produção, a madeira dá origem aos mais diferentes tipos de painéis, papéis e cartão, fibras e polímeros, e aos mais diversos insumos para a indústria química.

Através de processamento mais sofisticado, a madeira contribui com produtos variados, de carvões ativados a macromoléculas, de micropartículas para usos especiais até vigas e chapas compostas com materiais de distintas naturezas, além de ser e ter sido sempre, a matéria-prima renovável para a geração de energia.

A madeira, embora seja renovável, é um recurso finito, e requer, para que sua perpetuidade seja garantida, uma administração racional, baseada no "princípio do rendimento sustentável", o que neste caso quer dizer "o uso racional da madeira com garantia de continuidade para as gerações futuras".

A administração e uso racional do recurso florestal depende em grande proporção, de sua utilidade para o homem, e por conseguinte, do valor que lhe é atribuído pela Sociedade. Este valor cresce em proporção direta ao acervo de conhecimento sobre a madeira, suas características, comportamento, vantagens e limitações em uso, e sua disponibilidade.

O uso racional deste material e dos produtos dele derivados é resultado portanto, dos esforços, recursos e pesquisas das universidades e instituições, somados com o processamento desenvolvido e aprimorado pela indústria, em resposta à demanda dos setores de consumo, porém atendendo à preocupação constante da Sociedade, com a garantia de que as próximas gerações também irão beneficiar-se deste recurso.



O RECURSO FLORESTAL



O uso dado ao recurso florestal deve ser regulado pelo princípio da conservação, na sua melhor acepção. Esta é a principal razão da pressão por medidas de proteção ambiental restritivas que restringem a exploração florestal intensa e exaustiva.

Para florestas nativas, em termos práticos, isto significa otimizar o seu uso, maximizando a contribuição das florestas já em exploração. Isto se dá com a ampliação do número de espécies utilizadas e com a redução do volume de resíduos gerados na exploração e no processamento.

Em relação às florestas plantadas, a chave é o melhor aproveitamento da produção dos plantios existentes, seja pela máxima utilização da madeira gerada, seja pela opção por produtos de maior valor agregado.

As florestas plantadas já são escassas na porção sul-sudeste do Brasil, especialmente junto aos principais polos de produção e aos centros de consumo.

A oferta de madeira reflorestada atingiu seu maior crescimento com o programa de incentivos fiscais entre 1967 e 1988. Nesse período foram investidos aproximadamente US$ 10 bilhões. Em um primeiro instante, os reflorestamentos produziram um superávit na oferta de madeira. Porém, com o término dos incentivos fiscais em 1988, iniciou-se um descompasso entre a expansão do consumo, com altas taxas de crescimento anual, e a ampliação das áreas plantadas com florestas.

Hoje, na prática, a oferta de madeira de florestas plantadas restringe-se somente àquela proveniente das plantações ligadas aos produtores de celulose e papel, e de madeira processada mecanicamente (madeira serrada e painéis a base de madeira).

Estudos recentes, endossados pelas autoridades florestais, projetam um déficit de madeira de florestas plantadas. Isso compromete a expansão de segmentos importantes, como o de celulose e papel, movelaria, siderurgia a base de carvão vegetal, e produção de chapas e madeira serrada, entre outros. Já se podem antever importações de pinus serrado do Uruguai e Argentina, como uma alternativa viável de suprimento de matéria-prima para a indústria moveleira da região sul do Brasil.

Ao sul do Brasil os recursos florestais são abundantes e disponíveis. Na Argentina, existem cerca de 900.000 ha de florestas plantadas, sendo 50% de pinus, 30% de eucalipto e 16% de salicáceas (Populus e Salix); os investidores externos, chilenos inclusive, perguntam-se se não será esta a próxima opção de investimento.





PROGRAMA NACIONAL DE FLORESTAS



O Programa Nacional de Florestas lançado em 21 de setembro de 2000, reflete as demandas da sociedade, consolidadas a partir das manifestações encaminhadas ao Ministério do Meio Ambiente, e busca atender a necessidade de ampliação da base florestal.



As metas de reflorestamento estimadas atingem, por segmento, valores significativos:

Madeira sólida: Madeira serrada+Painéis reconstituídos (aglomerados, chapas de fibras e MDF)+Compensados



As condições e os recursos financeiros necessários à implementação do Programa englobam:

equalização de estímulos ao reflorestamento com relação ao Mercosul e outros países concorrentes;

viabilização de condições de financiamento (prazo, carência, e taxa de juros) compatíveis com as espécies plantadas e o seu uso final (financiamento de 80% para implantação da floresta e 1º ano de cultivo);

obtenção de aval institucional para a captação de fundos de investimento destinados à formação de florestas;

desoneração tributária de produtos florestais, máquinas e equipamentos;

criação de mecanismos de crédito financeiro para a manutenção, revegetação e recuperação de áreas de preservação permanente e de reserva legal.

O PNF prevê também a necessidade do desenvolvimento de tecnologias ligadas à indústria de produtos florestais e do fortalecimento da extensão florestal.

Este desenvolvimento deverá ter como bases o aporte de recursos financeiros e apoio para pesquisa nas áreas de qualidade da madeira, processamento da madeira e produtos originados da floresta plantada; o aprimoramento, consolidação e difusão das tecnologias disponíveis; o fortalecimento da extensão florestal, aproveitando-se para tal qualquer estrutura de extensão rural porventura já existente; a capacitação dos pequenos produtores e agentes de assistência técnica na implantação e manejo de florestas; e o desenvolvimento e implementação de instrumentos, como por exemplo, a certificação, para garantir a competitividade das matérias-primas e dos produtos brasileiros nos mercados internacionais.

Com base nestas diretrizes e tendências detectadas em centros de desenvolvimento florestal e de produtos no Brasil e no exterior, além da constatação diária da demanda de tecnologia aplicada, que se verifica nas instituições tecnológicas de produtos florestais, algumas áreas são apontadas como foco de atenção para o desenvolvimento e uso racional de produtos florestais:





QUALIDADE DA MADEIRA

De maneira geral, a madeira produzida pelo setor florestal brasileiro se caracteriza por volumes significativos e qualidade apenas aceitável. Isto se dá com o produto das plantações florestais, mas principalmente, com a madeira originada das florestas nativas.

Os segmentos que usam madeira como matéria-prima tem sua produção baseada em operações seriadas e repetitivas, que se aplicam de preferência à matérias-primas uniformes. Isto afeta diretamente a produtividade do processo e influi em definitivo na qualidade do produto.

Com as madeiras tropicais, os processadores e os consumidores se ressentem do desconhecimento das informações tecnológicas, que facilitariam a seleção de espécies substitutas àquelas em regime de escassez e o processamento dessas madeiras, geralmente pouco conhecidas. Tais informações podem já estar disponíveis nas instituições de pesquisas e universidades, mas carecem de ampla divulgação.

Os dados necessários para o melhor processamento das madeiras, tais como velocidades de alimentação das toras no desdobro e tipos de dentes de serras a serem utilizados; as propriedades das espécies que afetam o seu processamento, tais como a presença de óleos e resinas ou de sílica na madeira; a indicação de programas de secagem ao ar livre ou em estufa, mais rápidos e eficazes, que resultem em menor incidência de defeitos, todos são acréscimos benvindos ao acervo das informações e contribuições à melhor qualidade desta matéria-prima.

As madeiras provenientes de plantações florestais atualmente já trazem uma carga significativa de desenvolvimento científico e tecnológico, na forma de melhoramento, classificação, velocidade de crescimento, resistência ao ataque de pragas, comprimento das fibras e teor de celulose, propriedades físico-mecânicas e a reduzida incidência de defeitos, entre outras, mas requerem ainda aprimoramento continuado. Este aprimoramento deve poder garantir a uniformidade de densidades, cores e propriedades, e a redução e melhor distribuição das tensões de crescimento. Este tipo de desenvolvimento será muito bem recebido, pois afeta diretamente o desempenho e o resultado das operações.

Tanto para nativas quanto para madeiras de reflorestamento, a pesquisa e experimentação deverá abranger tópicos como as causas da variabilidade e heterogeneidade da madeira, o comportamento da mesma em relação ao tempo de uso, a mecânica das rupturas, e outros processos que afetam o uso da madeira em distintas situações.



PROCESSAMENTO INDUSTRIAL



A produção e consumo de madeira serrada vem crescendo nos últimos dez anos porém com taxas diferenciadas por segmento de origem. Para 2000, a SBS estimou um total de 20,1 milhões m³ de madeira serrada produzidos, sendo que 14,4 milhões m³ corresponderam às folhosas nativas (71,6%), 5,2 milhões m³ às coníferas serradas (25,9%) e 500 mil m³ ao eucalipto serrado (2,5%).

A participação relativa das madeiras tropicais nativas vem decrescendo por pressão ambientalista, pelo contingenciamento de cotas e planos de manejo, e pelas distâncias de transporte aos centros consumidores. Ainda assim, os volumes absolutos são muito significativos, mas são produzidos a partir de técnicas relativamente primárias, de baixa produtividade e portanto, altamente geradoras de resíduos.

Na mesma linha, a produção de compensados de madeiras nativas, que representa a metade da produção brasileira, tem decrescido, verificando-se a redução das exportações e a substituição dos compensados por painéis reconstituídos, principalmente no mercado doméstico.

Os principais desafios no processamento mecânico das madeiras encontram-se nos próprios processos, carentes de planejamento e programação de produção, de sistemas de classificação, da melhoria de parâmetros de processo, do emprego de equipamentos apropriados para o tipo e as dimensões do material produzido, falta de layouts adequados ao esquema de produção, e a necessidade do desenvolvimento e da adequação dos processos e programas de secagem ao ar livre e em estufas, seja isoladamente ou em combinação. Uma contribuição especialmente valiosa será o redesenho do processo de produção, visando reduzir o desperdício de madeira e os resíduos de processo.

Os painéis compensados e lâminas de madeiras nativas terão crescimento modesto nos próximos anos, pois estima-se que sejam substituídos principalmente por painéis reconstituídos, e apenas se necessário, recobertos por lâminas decorativas de madeiras nativas. Esta substituição se baseia principalmente na diferença de custo entre os troncos de grande diâmetro e praticamente sem defeitos necessários para produzir lâminas para compensados e a madeira de praticamente qualquer diâmetro e qualidade aceitável para a produção de painéis reconstituídos. Uma área promissora para as espécies nativas sem uso definido no mercado poderá ser os painéis reconstituídos de partículas orientadas, do tipo OSB (Oriented Strand Board).

A madeira serrada de Pinus constitui a principal matéria-prima das empresas moveleiras, especialmente aquelas voltadas ao mercado de exportação, mas a crescente escassez desta matéria-prima fará com que o eucalipto seja encarado como a alternativa viável. A madeira serrada de Eucalipto tem uso ainda incipiente, embora promissor, na indústria moveleira tanto da região sudeste quanto sul, mas já apresenta produção em escala comercial tanto para o mercado interno de móveis como para a construção civil.

Com relação a estas matérias-primas, as áreas carentes de novos desenvolvimentos incluem a melhoria da qualidade da madeira, inclusive com a busca das densidades ideais para os produtos que se planejam, com a redução de defeitos por aprimoramento de práticas silviculturais, como a poda, ou a total eliminação desses defeitos com o uso de junções coladas, do tipo finger-joint, para madeira serrada.

No processamento mecânico de coníferas, maior prioridade deverá ser dada à implantação do controle total de processo (on line), no maior aproveitamento destas madeiras em esquadrias e moldurados, no aumento do rendimento de processo pelo uso de métodos alternativos, inclusive no desdobro de madeira de pequenos diâmetros.

As madeiras provenientes de florestas plantadas terão sua importância ainda mais ressaltada como base do desenvolvimento de outros produtos, como por exemplo, os Produtos de Maior Valor Agregado, como as molduras e perfis sem defeitos, o fencing stock ou fences (material para cercas), destinados à exportação, os clear blocks e blanks (blocos sem defeitos, emendados ou não), os painéis colados lateralmente ou egp (edge-glued panels), os compósitos (painéis compostos madeira-plástico ou madeira-outras fibras), os componentes estruturais de madeira, usando painéis reconstituídos e LVL (laminated veneer lumber), ou ainda os pisos estruturados, compostos, usando lâminas de madeira, MDF (medium density fiberboard) e poliestireno expandido, por exemplo.



TECNOLOGIAS DISPONÍVEIS



Grande parte do acervo tecnológico aplicável no parque florestal-madeireiro é constituída por tecnologias já desenvolvidas mas que necessitam consolidação e difusão. Isto se dá porque estas tecnologias estão em estágio final de desenvolvimento e testes, ou porque não foram ainda suficientemente divulgadas. Freqüentemente, tais tecnologias constituem parte dos resultados obtidos em projetos e consultorias entre instituições de ensino e pesquisas e grupos privados.

Ressalvando-se os casos onde o aspecto da confidencialidade deve ser resguardado, esta situação pode ser corrigida pela implementação de programas de extensão tecnológica, nos quais as necessárias modificações ou o aprimoramento de processo ou produto são transferidos através de aprendizado do tipo learning by doing, sob supervisão. Alternativamente, esta transferência pode ser efetuada por meios mais tradicionais, como demonstração e treinamento, em seminários e workshops.

Nas regiões sul e sudeste do Brasil, tradicionalmente, a maior parte da extensão florestal é realizada em decorrência da prática de fomento, por empresas que dependem para o seu próprio suprimento, de matéria-prima produzida por terceiros. Em outras regiões, a extensão florestal não tem presença notável, exceto pela orientação esporádica aos produtores locais, fornecida por agência governamental centralizada, como a Embrapa, por exemplo.

No caso da extensão florestal fornecida por empresas fomentadoras, a transferência das informações referentes à implantação, manutenção e condução de florestas homogêneas obedece a regras estabelecidas pela empresa interessada, e restringe-se às espécies, práticas e medidas que satisfaçam a sua demanda.

Uma área de desafio, existente quase que sob medida para unidades de ensino e pesquisa florestal, é representada pela necessidade de se implementar ou fortalecer a extensão florestal, aproveitando para tal qualquer tipo de estrutura usada na extensão rural eventualmente já existente.





MANEJO FLORESTAL



A disponibilidade de madeira como matéria-prima industrial dependerá em grande parte da produção sustentada das florestas existentes, sejam estas nativas ou plantadas.

A produção das plantações de pinus e eucalipto existentes no Brasil é hoje da ordem de 110 milhões m³/ano para suprir todos os segmentos industriais e para tanto, são cortados 450 mil hectares/ano. Dado que a área reflorestada é de cerca de 150 mil ha/ano, resulta um déficit anual de 300 mil ha e um acentuado desequilíbrio entre oferta e demanda para atender o crescimento das indústrias de base florestal.

O déficit esperado de matéria-prima poderá ser minimizado através de importações da madeira gerada em países vizinhos, ou por plantios locais em escala relativamente reduzida, para suprir a demanda de madeira sólida para processamento. Tais plantios poderão ser estabelecidos em pequenas propriedades ou áreas marginais disponíveis, e poderão ter produtividades e rentabilidades praticadas em níveis aceitáveis, desde que implantados e conduzidos dentro dos padrões técnicos adequados.

Assim, a capacitação de pequenos proprietários rurais na implantação e manejo de florestas plantadas é uma necessidade para que essa produção complementar possa ser alcançada e o déficit de matéria-prima possa ser minimizado até que metas realísticas de reflorestamento possam ser adequadamente dimensionadas e atingidas.



CERTIFICAÇÂO FLORESTAL



A Certificação Florestal vem se tornando mundialmente aceita como um diferenciador de competitividade no mercado internacional e por analogia, também no mercado nacional, primordialmente como uma garantia de origem florestal, isto é, de que a produção madeireira obedece aos princípios do "ambientalmente saudável", "socialmente justo" e "economicamente viável".

Com base nestes princípios, operações florestais, e através da cadeia de custódia, também os produtos de madeira, tanto de madeira sólida quanto os produtos obtidos de fibras celulósicas, têm sido certificados dentro de vários sistemas internacionais e nacionais.

No ano 2000, em nível mundial, os certificados ISO 14001 totalizavam 232 no segmento "Celulose, Papel e Produtos de Papel"; e outros 109 no segmento "Madeira e Produtos de Madeira". A ISO - International Organization for Standardization é uma instituição internacional e mundialmente reconhecida e isso faz com que o sistema e em especial a norma ISO 14001 - Sistema de Gestão Ambiental, sejam extremamente atrativos às empresas multinacionais. No Brasil, a certificação pela norma ISO 14001 já abrange cerca de 920 mil hectares de florestas plantadas e manejadas.

A certificação florestal no comércio internacional está sendo dominada pelo FSC (Forest Stewardship Council). No Brasil, as empresas credenciadas pelo FSC já certificaram cerca de 870 mil ha de florestas, incluindo 278 mil ha de florestas nativas. Dentro das 53 cadeias de custódia certificadas já existem mais de 100 produtos certificados.

Para fortalecer os usuários de produtos certificados, foi estruturado, e já está operando, um Grupo de Compradores de madeira e produtos certificados, que deverá afetar fortemente o mercado nos próximos anos. Este Grupo é composto hoje por 59 empresas, 2 governos estaduais (Acre e Amapá), uma prefeitura (Guarujá – SP), além de dois sindicatos moveleiros, em Brasília e no Pará.

Juntas, essas organizações demandam hoje 1.000.000 m3 de madeira bruta certificada, podendo chegar a 2 milhões de m3/ano, caso toda a sua produção seja de madeira certificada. Cerca de 90% da madeira certificada adquirida pelo Grupo de Compradores é de eucalipto e mais da metade (de 60 e 70%) é utilizada em produtos destinados à exportação.

Iniciado em 1998 em nível mundial, o sistema do Conselho Pan-Europeu de Certificação Florestal - PEFCC (Pan European Forest Certification Council) se baseia no reconhecimento mútuo de sistemas nacionais de certificação e embora não conte ainda com o apoio de ONG's, tem o potencial de certificação de 100 milhões de hectares nos próximos 5 anos, especialmente em países da Europa. É esperado que o Brasil apoie este sistema de reconhecimento mútuo, especialmente em função da próxima operacionalização do sistema brasileiro de certificação.

O ABNT/CERFLOR é um processo nacional voluntário de certificação florestal, semelhante ao sistema FSC, e que pretende buscar reconhecimento mútuo de outros sistemas internacionais de certificação, o que seria uma oportunidade para acordos bilaterais ou regionais, de modo a fortalecer países ou blocos de países no mercado internacional.

Todos estes sistemas de certificação florestal e de produtos operam à base de princípios, critérios e indicadores de manejo florestal sustentável. Estes "sinalizadores" devem ser elaborados obedecendo aos princípios gerais do sistema, mas ao mesmo tempo, devem levar em consideração as peculiaridades regionais do país e de seus ecossistemas, na adaptação dos critérios dentro de cada princípio, e dos indicadores de cada critério.

As discussões para a elaboração destes princípios, critérios e indicadores, para florestas nativas e plantadas, para diferentes ecossistemas ou para grupos de espécies em condições especiais dependem fortemente de conceitos, determinações e verificações, que somente podem ser realisticamente desenvolvidos mediante consenso entre produtores, processadores, consumidores, entidades de ensino e pesquisa, e a Sociedade em geral, que representam as partes interessadas.



Marcio A.R. Nahuz, PhD

Pesquisador

Divisão de Produtos Florestais - IPT

mnahuz@ipt.br